Filantropia e Sociedade
A pandemia abriu uma janela de oportunidade para que a sociedade lance um olhar mais sensível sobre as desigualdades históricas do país e para que os diferentes setores se sintam mais corresponsáveis pelo enfrentamento delas.
Análises mais críticas apontam que a preocupação em reduzir as desigualdades aparece mais no discurso do que na prática do campo da filantropia e do investimento social privado e, para que esse esforço possa virar resultados de fato, se faz necessária uma autoavaliação.
Com efeito, há muito se discute o papel do terceiro setor e, historicamente, uma das críticas é de que o setor faz aquilo que deveria ser função do Estado. Essa reflexão foi aprofundada e amadurecida no campo social, sendo em parte superada, a partir de uma consciência de que os desafios coletivos não são unicamente responsabilidade dos governos, mas também da sociedade como um todo – e o terceiro setor nada mais é do que a sociedade civil atuando de forma organizada. Ao mesmo tempo, reconheceu-se no setor, de forma cada vez mais ampla, que o Estado tem um papel fundamental e que as políticas públicas têm uma capacidade de escala e alcance que o terceiro setor – e como parte dele, a filantropia – jamais terá, como pudemos experimentar durante as respostas de enfrentamento da pandemia.
Com a emergência, parece ter sido ampliado o entendimento no setor filantrópico de que a resolução de desafios complexos requer uma visão sistêmica das engrenagens que os causam, possibilitam e/ ou mantêm, bem como uma resposta articulada e conjunta.
Nesse sentido, ganha tração debates sobre como as ações filantrópicas podem ser mais efetivas em influenciar mudanças de paradigmas econômico e socioambiental e contribuir para mudanças sistêmicas, confrontando as bases que mantêm as injustiças e as relações de poder.
Essa oficina irá aprofundar o debate sobre essas questões para uma proposição conjunta de prioridades e diretrizes nessa direção.