Cooperação Gestão e Políticas Públicas
A relação entre ISP no Brasil e poder público é histórica – dados do Censo GIFE 2018 mostram que 80% dos investidores respondentes adotam estratégias de aproximação com políticas públicas –, e parece ter se intensificado durante a pandemia. Na pesquisa BISC 2020, todas as organizações respondentes apoiaram políticas públicas e/ ou órgãos governamentais no ano passado. Não por acaso, a rede temática de políticas públicas é bastante antiga no GIFE.
A produção de dados e análises comparativas entre os recursos mobilizados pelo campo da filantropia e pelo setor público também tem impacto em como o investimento social privado percebe seu papel. Em qualquer possível agenda de atuação, o montante de recursos do investimento social privado – ainda que seja um capital financeiro poderoso – é irrisório se comparado ao das políticas públicas. Os recursos filantrópicos, portanto, precisam ser alocados de forma estratégica para potencializar os demais investimentos, em especial os realizados pelo Estado.
Mediante os enormes desafios que já se colocam e que ainda estão por vir no pós-Covid, a importância da colaboração com a gestão e políticas públicas se torna ainda mais evidente. Tendo como premissa que somente via políticas públicas conseguiremos a escala que precisamos e com a qual sonhamos e que cada setor tem seu papel e suas atribuições no espaço público e superando, de vez, a visão de que o ISP ou as OSCs existem para substituir o Estado, é preciso fazer crescer o número de organizações da filantropia que colaboram com a gestão pública, diversificar as formas de cooperação e aprofundar essa relação de maneira que se torne cada vez mais eficiente.
Como seguir então ampliando essa cooperação entre os setores? Quais são as travas e as mudanças necessárias para que essa colaboração se potencialize?