Avaliação e Impacto
Fomentar a cultura avaliativa entre os atores da filantropia e do investimento social é uma agenda sempre atual do setor.
Muito se avançou no tema nos últimos anos. Dados do Censo GIFE apontam que entre 2016 e 2018 a proporção de organizações que avaliam seus projetos ou programas prioritários aumentou de 53% para 83%, apontando para o ganho de relevância dessa temática no campo. Os principais objetivos da avaliação estão mais relacionados ao próprio projeto ou programa, como aprendizagem para orientar tomadas de decisão e identificação de suas contribuições, e à prestação de contas aos principais tomadores de decisão. Já os principais critérios para decidir sobre a avaliação de um projeto ou programa são seu potencial para alcançar escala e o fato de ser política da organização avaliar seus projetos ou programas.
No entanto, há ainda muito espaço para a qualificação e a disseminação das práticas de monitoramento e avaliação no investimento social privado e nas organizações da sociedade civil em geral. As organizações esbarram em dificuldades como os altos custos para desenvolver uma boa avaliação e a dificuldade em definir e mensurar impactos.
Por meio dos processos avaliativos, identificam-se os erros, os acertos, as mudanças geradas, os impactos, os caminhos possíveis para o aprimoramento das iniciativas etc. Além disso, as avaliações são potentes ferramentas para promover aprendizagem e para auxiliar na tomada de decisão.
Por outro lado, a expectativa de objetividade, de isenção e imparcialidade tem sido questionada por conceitos relacionados a Avaliação Equitativa e a Avaliação Culturalmente Responsiva, as quais reconhecem que aquilo que definimos como objetividade e isenção é baseado em paradigmas que refletem uma maneira específica de definir, descrever e analisar o mundo. Além disso, a troca de informações e a interpretação e aplicação do conhecimento são influenciadas pelos valores e cultura dos participantes, incluindo o avaliador.
A iniciativa ‘Agenda Avaliação’, criada em 2019 pelo GIFE, tem abrigado os debates e produções referentes a esta temática em articulação com outros atores importantes dessa agenda.
Pensando nisso, e em diálogo com a busca por uma atuação filantrópica que tenha impacto nos mecanismos que sustentam a desigualdade, como a avaliação pode servir a esse propósito? Ao mesmo tempo, quais são as diretrizes e prioridades para que possamos seguir ampliando a cultura e a capacidade avaliativa do investimento social brasileiro?